Fernanda Monteiro

exposições:

L. Mulher Minotauro. Silvana Sarti

                Buscando compreender e assimilar sua própria história de vida, Silvana Sarti identifica na força do mito elementos capazes de dar-lhe aquilo que procura. Inicia-se uma incursão pelo labirinto do Minotauro que nos leva a reconstruir e interpretar sua história por outro viés, mais sensível e feminino, encarnado por sua irmã gêmea, mais cautelosa e a princípio resignada, que nos transporta, através de uma narrativa fantástica, a um mundo de sólidas conclusões sobre solidão e libertação.

Da ira taurina, passa-se pelo terreno frágil das escolhas aleatórias e fugazes, aparentemente inconseqüentes, à energia de contrapor-se e libertar-se do confinamento, que conduz este ser imaginado a recriar-se como indivíduo, reconhecendo em meio a sua própria fraqueza a energia para se  impor como mulher. Mulher esta plena de poderes e livre de um passado sombreado pela culpa, pela incerteza do amor e do abandono.

É na ausência que a Mulher Minotauro encontra seu lugar de pertencimento, reconhece sua capacidade de lançar-se sem medo rumo ao desconhecido. Os muros do labirinto, seu velho habitat, eram os grilhões que a impediam de alçar seus vôos e mesmo de reconhecer a existência de suas asas. Nas entranhas da terra, no úmido e obscuro labirinto, em meio ao limbo desabrochou bela e exótica maturidade, que transcendeu a exclusão, transformando seus argumentos em razão de ser, nas propriedades alquímicas dessa transformação.

Fernanda Monteiro