exposições:
x. Calendário ARCO 2024. Temporalidades: uma reflexão sobre o tempo e seus afetos
Temporalidades: uma reflexão coletiva sobre o tempo e seus afetos.
Artistas: Adriana Dias, Érica Campos, Fábio Florentino, Fernanda Monteiro, GIL, Juliana Torres, Mariana Sanches, Mazé Perbellini, Silvana Sarti
Curadoria: Fernanda Monteiro
Local: Fernanda Monteiro Atelier e Galeria de Arte
Maio de 2024
Abertura: terça feira dia 21 de maio, das 19 às 22h
Período expositivo: de 22 de maio a 12 de julho, de segunda à sexta-feira das 14 às 19h
Texto curatorial:
Temporalidades: uma reflexão coletiva sobre o tempo e os afetos
A compreensão do tempo e sua influência sobre nossa existência é um núcleo de interesse com diversos desdobramentos possíveis e portanto de grande fertilidade no campo artístico. Para iniciar uma argumentação em torno do que seriam temporalidades, permito-me uma pequena digressão sobre Khrónos e Kairós, figuras mitológicas representativas do tempo sob diferentes aspectos. Enquanto Khrónos se refere ao tempo cronológico, linear, a qual todas as coisas estão sujeitas e que pode ser medido, demarcando princípio, meio e fim; Kairós representa um tempo indeterminado, um momento em que algo especial acontece. Krónos é implacável, por vezes hostil, já Kairós é oportuno
Na mitologia, Chronos é o deus do tempo ou sua personificação, rei dos titãs, filho de Urano (céu estrelado) e Gaya (a terra). Ele devora os próprios filhos para que nenhum deles herde seu trono, mas é derrotado por um deles, Zeus, que, salvo pela mãe, destrona o pai e o faz regurgitar os outros filhos devorados. Chronos é Saturno para os romanos, representado por Goya em uma de suas inquietantes Pinturas Negras, um reflexo de suas percepções artísticas sobre a violência política e suas próprias ansiedades e constatações acerca da sombridade da natureza humana.
Kairós é quase um evento, um acontecimento memorável, algo que por sua significância sobrevive, é de certa forma atemporal pq não está sujeito ao cronológico, é vívido. Sua resistência, sua irreversibilidade, a impossibilidade de seu apagamento, tornam Kairós um tempo além do tempo. E é neste raciocínio que ele vem ao encontro da Arte, que igualmente cria uma fresta temporal, uma espécie de “excesso de tempo” a que se refere Boris Groys quando descreve o contemporâneo. Contemporâneo no sentido de estar com o tempo e oportunizar um experimento, uma sensação de suspensão, um instante em que nada é capaz de sufocar a percepção estética que nos permite reagir, ressignificar, sublimar, refletir…É este o tempo que queremos apreender, desfrutar, destrinchar.
Luís Fernando Veríssimo em O arteiro e o tempo, um texto divertido destinado ao público infantil, conversa sobre e com o tempo, uma personagem indignada com a astúcia do artista Glauco Rodrigues, que brinca com a cronologia dos fatos e cria pinturas que desafiam a “ditadura do tempo”, do antes, do agora e do depois, estabelecendo outras relações que desafiam o cronológico. Neste contexto, entendemos através de uma linguagem acessível ao público a que se direciona, o “excesso de tempo” dos Camaradas do tempo de Groys.
Quando falamos sobre temporalidades, estamos diante de um estado provisório, passageiro, efêmero do ponto de vista cronológico, mas ao mesmo tempo acrônico diante da intensidade e significado dos acontecimentos depositados ali naquele instante. Discutimos aqui o como sentimos o tempo, o que preservamos na memória, espaço este ainda mais interessante se considerarmos o quanto ela está conectada aos nossos afetos e de certa maneira dissociada da “verdade” dos fatos, já que guardamos o que sentimos e que nem sempre corresponde ao que aconteceu. Há sempre uma leitura, uma cocriação entre sentimento, tempo e imaginação.
Interessante também pensar no tempo da demência, da doença, na relação etária que determina não só de existência e permanência, mas também chancela ações, determina comportamentos, estabelece continuidades e descontinuidades de maneira um tanto arbitrária, transformando o tempo em uma dimensão contraditória. Assim, diante dessa relatividade que não interessa somente aos físicos, mas também aos artistas na medida dos nossos afetos, convido esse grupo de artistas a refletir, produzir e manipular o tempo porque ao final de contas nós somos os “camaradas do tempo”.
Fernanda Monteiro
Sobre a exposição
Iniciado o cronograma de exposições da Fernanda Monteiro Galeria de Arte em abril com a exposição individual Paisagem urbana um pensamento sobre o emaranhado das cidades, de Marly Madia, seguimos com a programação agora com a coletiva Temporalidades: uma reflexão coletiva sobre o tempo e os afetos, que reúne 9 artistas representados pela Galeria: Adriana Dias, Érica Campos, Fábio Florentino, Fernanda Monteiro, GIL, Juliana Torres, Mariana Sanches, Mazé Perbellini, Silvana Sarti. Este time fortíssimo é uma pequena amostra da crescente produção artística contemporânea sorocabana.
Todos eles, com diferentes faixas etárias (de vinte aos sexagenários) reúnem diferentes currículos e trajetórias artísticas dentro e fora do espaço municipal e já participaram de outras exposições individuais e/ou coletivas dentro da Galeria. Agora, a convite da curadora e gestora da Galeria, Fernanda Monteiro, apresentam juntos uma coletânea de pensamentos sobre o tempo em suas diferentes facetas. Nesta exposição, poderão ser vistos trabalhos bi e tridimensionais, entre fotografias, pinturas, desenhos, performances e esculturas, quase todos inéditos, compondo uma universalidade não só de técnicas e linguagens artísticas como também de considerações sobre o tempo, a tempestividade, a efemeridade, a precariedade, seus efeitos e afetos.
Sobre a galeria
A Fernanda Monteiro Galeria de Arte é uma das galerias pioneiras na cidade de Sorocaba, em funcionamento desde 2010 no mesmo endereço e já promoveu mais de 50 exposições dentro e fora de seu espaço físico. Tem como gestora cultural e curadora a artista Fernanda Monteiro. É uma Galeria especializada em arte contemporânea que trabalha com um corpo de artistas que vivem e/ou desenvolvem suas atividades aqui na cidade, mostrando, comercializando e prestigiando a pujante produção artística local. A Galeria funciona de segunda a sexta das 14 às 19h.
O CALENDÁRIO ARCO (ARte COntemporânea) foi idealizado pela Fernanda Monteiro Galeria de Arte para criar e organizar um cronograma anual de exposições, o que já vinha acontecendo há algum tempo na Galeria. Está em sua quarta edição, tendo iniciado em 2020 com a Exposição FLUIR da artista Zi Cossermelli.
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